18/10/2021 às 12h54min - Atualizada em 18/10/2021 às 12h54min
Distribuidoras alertam risco de desabastecimento de gasolina e óleo diesel devido aos cortes de produção da Petrobras.
Cortes unilaterais, nos pedidos de fornecimento de gasolina e óleo diesel para novembro deste ano, na Petrobras, gera alerta para o risco de faltar combustível.
As distribuidoras estão preocupadas, com uma possível falta de combustível a partir de novembro. As varejistas dizem, que a gigante do petróleo brasileiro Petrobras cortou parte da oferta de gasolina e diesel no próximo mês, aumentando o risco de escassez do insumo. Segundo a associação das distribuidoras Brasilcom, a Petrobras — que tem o monopólio do refino — tomou a decisão unilateralmente.
“As reduções promovidas pela Petrobras, que em alguns casos atingem mais de 50% do volume solicitado para compra, colocam o país em uma situação potencial de desabastecimento”, alertou a Brasilcom em nota.
A entidade mencionou ainda “a impossibilidade de compensar essas reduções de oferta por meio de contratos de importação, considerando a diferença atual com os preços do mercado internacional, que estão em níveis muito superiores aos do Brasil”.
A associação diz também que já comunicou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a respeito do potencial problema. A BNamericas concordou com cartas de duas distribuidoras endereçadas à Agência, denunciando que os cortes da Petrobras causaram “sérios efeitos”.
A Idaza Distribuidora de Petróleo afirma que sofreu reduções de gasolina e diesel de 35 a 74%, em Araucária, no estado do Paraná; Itajaí, em Santa Catarina; e Guarulhos e Paulínia, em São Paulo.
Já a Royal Fic Distribuidora de Derivados de Petróleo informou que a Petrobras cortou o fornecimento de diesel A S500 em 56,6% no município de Jequié, no estado da Bahia.
Ambos exigiram que a ANP e o Ministério de Minas e Energia (MME) adotassem “ás medidas necessárias para garantir o fornecimento nacional de combustíveis”.
Afirmação é refutada pela estatal.
Em nota, a Petrobras informou que suas refinarias “estão operando normalmente e continuam cumprindo integralmente os contratos com as distribuidoras, de acordo com os termos e prazos vigentes”.
Nem a ANP nem a MME responderam aos pedidos de comentário da BNamericas.
Apesar de ser favorável ao programa de desinvestimentos na área de refino da Petrobras, a Brasilcom ressaltou que as autoridades devem estabelecer regras claras para os proprietários de usinas e sistemas logísticos, a fim de evitar desequilíbrios competitivos.
Até agora, a Petrobras assinou contratos para a venda da refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, com a Mubadala Capital e para a unidade Isaac Sabbá (Reman), no estado do Amazonas, com a Atem Distribuidora de Petróleo.
Outras seis usinas devem ser vendidas até 2022, conforme prevê a autoridade antitruste do CADE: Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), Unidade de Industrialização do Xisto (Six), Alberto Pasqualini (Refap), Gabriel Passos (Regap), Abreu e Lima (Rnest) e Presidente Getúlio Vargas (Repar).
Leggio Consultoria afirma que risco de escassez de gasolina e diesel é baixo.
Marcus D’Élia, sócio da consultoria Leggio Consultoria, disse à BNamericas que o risco de escassez de combustível é baixo. A Brasilcom representa grupos de pequeno e médio porte com participação de mercado limitada.
“Nos contratos da Petrobras existe a possibilidade de que essa empresa não cumpra a ordem completa de uma distribuidora de acordo com o histórico de pedidos nos meses anteriores”, explicou. “Isso ocorre quando as encomendas excedem os volumes históricos e não há planos para aumentar as vendas em um determinado centro.”
Luís Henrique Sanches, da LHS Consultoria e Treinamento e ex-diretor da refinaria de Manguinhos, disse que o consumo de diesel S10 vem aumentando devido à recuperação econômica e à retirada de motores antigos, que utilizava o diesel S500.
“A Petrobras não pode abastecer todo o mercado e vem importando o produto há muito tempo. Grandes distribuidores também importam, mas distribuidores médios e pequenos têm mais dificuldades”, disse o especialista à BNamericas.
“Não acho que haverá uma grande escassez, mas haverá uma substituição de pequenos distribuidores por grandes, caso não possam importar”, acrescentou Sanches.