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12/02/2024 às 19h53min - Atualizada em 12/02/2024 às 19h53min

Menina relata momento do voo de parapente em que o piloto morre de infarto no ar em Sete Lagoas

Dafiny sonhava em voar no equipamento, mas não poderia imaginar que viveria emoções tão diferentes no mesmo dia, muito menos que “nasceria de novo”

Em casa um dia depois do acontecimento que mudaria sua vida para sempre, a menina Dafiny, de 13 anos, não consegue se livrar da sensação de ter nascido de novo. “Parece que eu não sou mais eu”, disse ela à Itatiaia. Ainda assustada com tudo e sentindo-se cansada por não ter dormido bem à noite, ela contou que também não consegue tirar da cabeça o pensamento de que ‘para morrer, basta estar vivo’. Religiosa, filha de Karine, que é pastora de uma Igreja evangélica, Dafiny cita ainda uma referência bíblica: “Temos que estar todos com a vida consertada e preparada. Estamos aqui apenas de passagem”.

Caçula de outros três irmãos - um rapaz de 23 e gêmeas, de 17 - a jovem mora com os pais em Sete Lagoas. Cursa a 8ª série numa escola pública e faz cones de chocolate (com recheios de Nutella, leite Ninho e paçoquinha) para vender nos barzinhos e lanchonetes da cidade.

Mas ontem ela quis fazer diferente. Acompanhada da mãe foi oferecer os doces no Clube de Voo Livre da cidade. Lá ficou encantada com o vai-e-vem dos equipamentos coloridos e pensando em como deveria ser bom estar lá em cima. Uma hora, um piloto aterrissou bem pertinho dela. Era Gilberto Pereira Araújo. Ele sorriu pra ela e ela perguntou quanto custava o passeio. “Ele respondeu “R$ 250’ e perguntou se ela tinha vontade de experimentar. “É meu sonho”, devolveu Dafiny. Gilberto, então,  pediu autorização à mãe da menina e indagou o peso dela. Com os cintos de segurança atados, eles ganharam o céu.

A menina conta que os primeiros minutos foram tensos. Afinal, ela nunca tinha feito aquilo antes e a adrenalina estava a mil. Mas, logo em seguida, os batimentos cardíacos foram serenando e ela respirou aliviada. Achou mágica a experiência, a vista e o silêncio lá em cima. “Senti muita paz”, contou.

Mas foi justamente nesse momento que Gilberto falou pela primeira e última vez: “E aí está gostando? Te falei que você podia ficar tranquila…” Antes que a menina pudesse responder, ela ouviu um barulho estranho como se fosse grande sopro misturado com um ronco alto. Dafiny olhou para trás e Gilberto já estava com o pescoço tombado para o lado e os olhos abertos, estatelados e paralisados. “Foi uma visão de horror. Bati de leve no rosto dele e falei que era pra ele parar de brincar comigo, que já estava na hora de voltarmos e que aquela brincadeira não tinha graça nenhuma”. Dafiny repetiu o movimento algumas vezes e, como o piloto não respondia, a menina entendeu que a situação era grave.

Segundo ela, “a ficha foi caindo aos poucos” e quando assimilou que estava voando sozinha com alguém sem vida no comando, entrou em pânico e pensou em apertar o cinto de segurança e pular, mas acredita ter “ouvido a voz de Deus”. Em vez disso, colocou a mão na cabeça de Gilberto e rezou pedindo a Deus que o ajudasse a não morrer. “Meu Deus, ajuda esse moço que não está bem”.

Mas o equipamento foi seguindo seu curso, cada vez mais rápido, planando no ar e perdendo altura. De vez em quando, Dafiny olhava para trás e Gilberto continuava imóvel, com a cabeça tombada para o lado.

A jovem abria e fechava os olhos, gritava e chorava e viu, exatamente, quando o paraglider passou ao lado de fios de alta tensão e, por fim, aterrissou numa mata em cima de uma árvore, próximo à pista de pouso.

Pelos cálculos dos outros pilotos do clube, Gilberto já estava morto há uns oito minutos quando o paraglider foi escorregando pelos galhos da árvore e, finalmente, encontrou o solo. O corpo do homem caiu em cima de Dafiny. Ela teve que fazer bastante força para conseguir tirá-lo.

Na sequência, soltou os cintos de segurança dele, deitou-o no chão, colocou a mão no nariz para ver se respirava, checou o pulso e somente aí, quando não viu nenhum sinal de vida, é que começou a gritar por socorro. “Saí correndo e gritando por uma estrada de trilha de moto até encontrar alguém que pudesse me ajudar”.

Karine, a mãe, viu tudo acontecer e como o pouso não foi na pista e sim na mata ao lado, sabia que tinha algo errado. Cristã fervorosa conta que sabia o tempo todo que a filha estava bem. Mas abraçá-la e saber de tudo o que a pequena passou com coragem e maturidade surpreendentes foi compensador. “Foi um verdadeiro milagre, um presente de Deus”, disse a pastora.

Dafiny disse que espera apenas que Gilberto esteja em paz e que Deus “possa confortar a família dele”.


*Com informações de Itatiaia


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