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23/07/2021 às 08h22min - Atualizada em 23/07/2021 às 08h22min

​Geadas prejudicam até 70% das plantações de café em MG, e preço deve subir

Geadas comprometeram, em média, 30% da produção da região – e devem elevar preço do café; previsão é que haja 4 milhões de sacas a menos na colheita do grão em 2022

Produtores rurais de Minas Gerais estão contabilizando os prejuízos causados pelas geadas nesta semana. No Sul do Estado, os estragos causados pela onda de frio foram os piores dos últimos 27 anos. Nas lavouras de café da região, um dos setores mais atingidos do país, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) estima que até 30% da área pode ter sofrido danos – há casos, inclusive, de 70% da produção queimada. Para 2022, a expectativa é que sejam produzidas 4 milhões de sacas de café a menos no Sul de Minas.

"Cada região está levantando quais foram os níveis de estragos, mas são danos que podem comprometer não só a safra do ano que vem. Muitas lavouras eram novas, isso vai influenciar as produções de 2023 e 2024”, avalia o pesquisador da Epamig César Botelho. 

Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), as regiões mais atingidas foram justamente o Sul, Mogiana e o Cerrado Mineiro. Com o clima mais propício, o Estado é um dos principais produtores de café do país e do mundo. “A safra já estava prejudicada com a estiagem do último ano, não teve um bom crescimento. Para o próximo ano, o mercado esperava uma colheita maior. Mas, agora, a tendência é diminuir ainda mais a oferta”, explica Botelho. ”O café é muito importante não só para a agricultura, ele afeta toda a economia do Estado. Ele possui uma importância social enorme, emprega muitas pessoas”, completa. 

Para Archimedes Coli Neto, diretor do Centro do Comercial de Café em Minas Gerais (CCCMG), a redução de safra será refletida em preços ainda mais altos. “É preciso ver como as lavouras vão reagir, mas o café já está em preço recordes por conta do volume restrito. Hoje, a saca é vendida a R$ 1.000”, diz. 

O cafeicultor Fernando Barbosa teve 30% do plantio, que era novo, comprometido. A lavoura fica em São Pedro da União, no Sul do Estado. “Falar do meu prejuízo é até irrisório perto do cenário nacional. Os meus vizinhos foram afetados com a geada muito mais forte. Tem produtor em Jacuí que perdeu 80% de sua lavoura. O impacto gerado pela geada não pode ser visto apenas como a perda dos cafeicultores da uma região. É preciso ver o impacto como um todo, não é um grão, mas sim uma cadeia produtiva”, lamenta Barbosa. 

Outro local que sofreu bastante foi a cidade de Patrocínio, no Alto Paranaíba. Segundo o presidente da Associação dos Cafeicultores da região, Osvaldo Aparecido Ninin, a preocupação é com os pequenos produtores, que em sua maioria não tinham seguro. “Pegou todo mundo de surpresa, não estávamos esperando com essa intensidade. As previsões não falaram que iria ser assim. No meu caso, eu acionei o seguro, não tive prejuízo com a colheita de agora. Vai ser na próxima. O meu medo é com o que está por vir”, desabafa Ninin.

O pesquisador em cafeicultura da Epamig, Marcelo Ribeiro, já alerta que para o fim do mês é esperado mais uma geada. “A previsão pode mudar, mas a expectativa é que a geada de agora fosse mais fraca e a do dia 30 pode ser mais forte”, afirma. 

A Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), maior produtora no país, informou que a geada atingiu parte de sua área no Sul e no Cerrado de MG. "Os técnicos da cooperativa estão trabalhando no levantamento de lavouras atingidas para analisar o impacto desta geada na produção e, consequentemente, nos resultados da próxima safra", afirmou em nota. 

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