A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) abriu um inquérito policial para investigar denúncias contra um massagista, de 52 anos, por violação sexual mediante fraude em Belo Horizonte.
Mulheres, jovens, com seguidores nas redes sociais. Esse é o perfil das vítimas escolhidas pelo massagista A.H.S. Ele usava da influência das mulheres para fechar ‘parcerias’.
Durante a massagem, ele se apresenta como um homem homossexual. Assim, ganha a confiança das meninas e elas se sentem mais à vontade.
Mas, em um determinado momento, as vítimas relatam que ele começa a fazer perguntas íntimas e a passar as mãos nas partes íntimas das jovens.
Foi isso que a advogada Thalita Arcanjo, que está à frente da defesa das vítimas, relatou à reportagem da Itatiaia. Até o momento, pelo menos duas mulheres procuraram a polícia. “Várias vítimas entraram em contato mas estão com muito medo de denunciar. Queremos encorajar as mulheres”.
Parceria pelo Instagram Foi isso que aconteceu com uma das vítimas. Ela, que conta que conheceu ele no Instagram e sofreu o abuso em 2020, procurou à polícia na semana passada.
De acordo com o registro policial, ele propôs uma parceria na qual a declarante divulgaria os serviços dele, em troca ele oferecia um procedimento 'pumping' - que é um procedimento de levantamento de bumbum.
Ela contou que queria fazer massagem na barriga, no qual pagaria, mas ele a convenceu de realizar o 'pumping' de forma gratuita. Em determinado momento, ele passou a mão pelas partes íntimas com violência. Foi então que a mulher ordenou que ele parasse. A declarante ressalta que após o procedimento passou a sentir dores no órgão genital devido a violência.
Ele disse que iria 'destravá-la sexualmente’ Outra jovem, contou que, em 2016, fez a compra de um pacote de serviços de massagem na clínica.
De acordo com o boletim de ocorrência, desde o início dos atendimentos, a declarante estranhou o fato do autor utilizar quantidade maior de óleo e realizar as mensagens passando as mão bem próximo das partes íntimas. Na segunda sessão, fez perguntas sobre a vida sexual.
A vítima relatou que o autor falava sobre relacionamentos amorosos e disse que ''não gostava da fruta'', - dando a entender que seria homossexual com a intenção de ter mais liberdade com a vítima. A mulher estranhou a conduta e não retornou mais.
Desde então, ele continuou a mandar promoções. Em 2020, ele propôs uma parceria em troca de divulgação. Durante a sessão, ele passou a mão nas partes íntimas da mulher.
Nesse momento, ela disse que iria embora. O massagista, então, disse que “gostaria de ajudar’’. Segundo o boletim de ocorrência, ele disse que ele iria ''destravá-la sexualmente’’. Ainda afirmou que ela ''não sentia nada devido aos traumas da infância''. Ao ser questionado sobre tais fatos, ele respondeu que sabia porque estava acostumado a lidar com "esse tipo de cura" e que conhece "as coisas do corpo".
O crime de violação sexual mediante fraude, previsto no artigo 215 do Código Penal, é de "ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima". A pena prevista em caso de condenação é de 2 a 6 anos de prisão.
A especialista explica que esse tipo de crime tende a fazer com que a vítima questione a percepção da realidade dos fatos. “Ele faz acreditar que aquilo não é real. Por isso, esperamos que, com a repercussão do caso, as vítimas tomem coragem para denunciar”, finalizou a advogada.
De acordo com a Polícia Civil, o homem apontado como suspeito será intimado nos próximos dias para prestar depoimento. “Por se tratar de crime contra a dignidade sexual, o caso tramita em sigilo na Delegacia Especializada em Investigação à Violência Sexual”, informou por meio de nota.
