O Ministério Público de Minas Gerais acompanha a investigação sobre a reabertura de uma cratera, 35 anos depois, no meio de um dos bairros mais antigos e populosos de Sete Lagoas. No mesmo ponto onde um buraco se abriu em 4 março de 1988, o asfalto afundou e rachaduras apareceram em imóveis ao redor, no último domingo (2), o que levou à imediata interdição das vias.
Desde então, equipes da Prefeitura de Sete Lagoas trabalham ininterruptamente para tentar descobrir o que provocou o novo incidente no cruzamento das ruas Tupiniquins e Nestor Fóscolo, no bairro Santa Luzia. Não há qualquer previsão para solução do problema, pois ainda sequer se sabe a causa.
“Em 1988 ocorreu um fenômeno nesta área e, na época, a Prefeitura fez intervenções com vários caminhões de pedras para aterrar o local. Agora fomos surpreendidos com esta acomodação do solo. Estamos trabalhando em conjunto com o SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) para tentar descobrir as razões visualmente e, se não conseguirmos, vamos fazer um estudo geológico. Trabalharemos para resolver o problema e dar mais tranquilidade às pessoas”, comentou o secretário municipal de Obras, Antônio Garcia Maciel.
Máquinas pesadas trabalham no local, inicialmente, sob o comando do SAAE, para avaliação das redes de água e esgoto. Outras intervenções serão realizadas na sequência pela Secretaria Municipal de Obras. Os trabalhos são acompanhados pelo presidente do SAAE, Robson Machado, e pelos promotores de Justiça Paulo César Ferreira e Carlos Eduardo Dutra Pires.
Da primeira vez, cerca de 100 pessoas foram retiradas de suas casas por meses, até o poder público municipal tapar o buraco com pedras levadas por mais de 200 caminhões. Mas, durante a operação, viu-se que não era possível resolver a situação daquela maneira.
A cratera até ganhou um nome: “Buraco do Cecé”. Uma referência direta ao prefeito da época, Marcelo Cecé Vasconcelos de Oliveira, que administrou a cidade por dois mandatos (1985 a 1988 e 1997 a 2000).
O buraco passou anos exposto, até a prefeitura decidir tapar tudo, contrariando recomendações de geólogos. Alguns pesquisadores diziam que de nada adiantaria porque aquele trecho, como grande parte do bairro e da cidade, estava sobre uma espécie de rio subterrâneo. Esse, aliás, seria o causador dos tremores constantes que a cidade vem registrando desde o ano passado, de acordo com especialistas.