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21/03/2024 às 06h49min - Atualizada em 21/03/2024 às 06h49min

Idosa morre após passar 56 anos com feto calcificado dentro do corpo em MS

Mulher de 81 anos descobriu a condição rara chamada de litopédio após dar entrada no Hospital Regional Dr. José de Simone Netto, de Ponta Porã

Uma idosa de 81 anos morreu, no último dia 15, no Mato Grosso do Sul, após passar por uma cirurgia para retirada de um feto calcificado que ela carregou no corpo por mais de cinco décadas.  

A mulher deu entrada no Hospital Regional de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, no dia 14, com uma infecção grave e fortes dores abdominais. Depois da realização de uma tomografia 3D, a equipe médica identificou um feto calcificado na região do abdômen da idosa. 

A suspeita é que o feto estivesse no corpo da mulher há 56 anos, ou seja, desde que ela tinha 25 anos, já que foi nessa idade que a mulher teve sua última gravidez. 

A idosa foi encaminhada para a equipe de obstetrícia, responsável por realizar uma cirurgia para retirada do feto calcificado. No dia seguinte ao procedimento, no entanto, a mulher faleceu. Ela estava em observação na UTI.  Uma infecção generalizada teria causado a morte. 

Segundo o secretário de saúde de Ponta Porã, a idosa era indígena e já tratava uma infecção urinária na cidade em que morava, Aral do Moreira, que fica a aproximadamente 84 quilômetros de Ponta Porã. Ela teve uma piora nos sintomas e foi encaminhada ao hospital, onde o feto calcificado foi descoberto. 

Ainda conforme o secretário, o caso da mulher é raríssimo. O nome da condição é litopedia (também chamada de 'bebê de pedra'), um tipo raro de gravidez ectópica (fora do útero). No caso da litopedia, o feto morre e se calcifica. Por isso, às vezes a condição passa despercebida, podendo não ser identificado por décadas.

“A direção e profissionais do Hospital Regional Dr. José de Simone Netto lamentam o falecimento da paciente e se solidarizam com familiares e amigos. Importante pontuar que a unidade manteve acolhimento e diálogo com os familiares, que ainda podem contar com apoio psicológico do hospital”, acrescentou a nota.

“Bebê de pedra”

Um caso parecido viralizou nas redes sociais no ano passado, no qual uma idosa de 84 anos moradora de Natividade, interior do Tocantins, descobriu que estava com um feto de sete meses calcificado em seu corpo há mais de 40 anos.

Os especialistas chegaram a dizer que o caso é intitulado como “bebê de pedra”.

Na época, Mariana Betioli, obstetriz especialista em saúde íntima e CEO da Inciclo, explicou que o ocorrido é possível e é chamado na medicina de “litopédio”, quando o feto acaba se desenvolvendo fora do útero. Ele não tem condições de se desenvolver no abdômen, então acaba morrendo com o passar dos meses. Depois disso, se não retirado do corpo, os tecidos ressecam e acabam se calcificando.

“Essa é um condição muito rara. Acontece quando é uma gravidez ectópica, em que o feto morre e não é reabsorvido pelo organismo da mãe e se calcifica. É como se se formasse uma concha de cálcio envolta do feto, 60% dos casos acontece com mulheres acima dos 40 anos”, explicou a especialista.

O fato pode acontecer por negligência à retirada do feto do organismo, assim que se tem ciência de que está morto. Os fatores podem estar interligados com a falta de conhecimento e acesso à saúde por uma população mais pobre.

Mariana explicou que a mulher pode nem sentir a calcificação, dificultando ainda mais a identificação do feto morto ali: “Normalmente a mulher não apresenta sintomas, por isso essa condição acaba sendo diagnosticada por acaso somente anos depois da gravidez”.
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