A Polícia Civil de Minas Gerais prendeu, neste sábado (11), Dinamá Pereira de Resende, condenado por abusar sexualmente de várias crianças e adolescentes desde a década de 1980. A prisão aconteceu no bairro Copacabana, na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte.
Dinamá foi acusado de pelo menos 14 abusos sexuais de crianças e adolescentes, na cidade de Várzea da Palma, no Norte do estado. Em 2021, ele foi condenado a 87 anos de prisão pelos crimes e atualmente estava foragido.
A operação de prisão na capital mineira foi realizada pela Patrulha Unificada Metropolitana de Apoio (Puma). Segundo os policiais envolvidos na ação, o condenado usava o nome falso "João" para dificultar ser identificado.
A advogada das vítimas, Ana Luíza França, falou sobre o impacto da prisão para as clientes dela, especialmente porque os crimes cometidos contra parte das vítimas representadas já prescreveram.
"Eu tenho certeza absoluta que a data de hoje não é uma data especial apenas para as vítimas desse processo. Nesse caso são sete vítimas, além daquelas que fez a denúncia, mas infelizmente o crime já estava prescrito. Tenho certeza que hoje tem mulheres em vários cantos desse país felizes, com sentimento de justiça feita. E vale como exemplo, porque vale a pena denunciar, porque não pode sofrer calado. É um crime bárbaro e é um crime que precisa, sim, ser combatido", disse França.
Por nota, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que o suspeito foi encaminhado ao sistema prisional e segue à disposição da Justiça.
Relembre o caso
As investigações começaram em 2019 quando as vítimas procuraram a Polícia Civil e relataram que foram estupradas na infância em Várzea da Palma. Dinamá era conhecido na cidade por promover atividades culturais e religiosas com a participação de crianças desde 1980.
O inquérito instaurado foi finalizado em janeiro de 2020, com pedido de indiciamento por estupro e estupro de vulnerável.
Na época, o delegado Guilherme Vasconcelos ouviu catorze vítimas e disse que havia uma coerência muito grande nos relatos delas no que diz respeito à forma de atuação, de cooptação e de prática dos abusos por parte do investigado.
As investigações apontaram que Dinamá criava os grupos infantis para ter acesso às crianças, "principalmente crianças carentes, que viviam em lares sem estrutura mínima, em um ambiente de extrema vulnerabilidade”.
As vítimas relataram que os abusos eram cometidos de diversas formas, de toque à conjunção carnal.
“O investigado se aproveita do descrédito que se dava a palavra de uma criança, tentando dissimular comportamento sexual como se fosse afetuoso”, disse o delegado em entrevista coletiva na época dos fatos
O delegado acreditava que o número de vítimas pode ser maior, já que muitas têm dificuldades em denunciar e o próprio Dinamá admitiu em depoimento que já trabalhou com mais de 5 mil crianças.
A defesa do preso afirmou que ainda está buscando informações sobre a prisão para depois se posicionar.