Oia Notícias Publicidade 728x90
02/09/2020 às 13h23min - Atualizada em 02/09/2020 às 13h23min

Setembro Amarelo: por que precisamos falar sobre suicídio?

Setembro é o mês mundial de prevenção ao suicídio, campanha mais conhecida como “Setembro Amarelo”. A ideia é conscientizar as pessoas sobre o assunto e entender as questões que geram sofrimento e doenças mentais.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma pessoa comete suicídio a cada quatro segundos no mundo. Isso corresponde a 800 mil mortes por ano.

O Brasil está em 8º lugar entre os países do mundo com mais casos de suicídios. Para a OMS, 90% deles poderiam ter sido evitados.

Pandemia do coronavírus

A campanha deste ano leva em consideração também a pandemia do novo coronavírus. Segundo pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tanto a quarentena quanto o medo de uma nova enfermidade impactam diretamente na saúde mental das pessoas. Então como falar sobre prevenção do suicídio agora?

Essa foi uma das preocupações do CVV (Centro de Valorização da Vida) para lançar a campanha “setembro amarelo” deste ano. A associação civil sem fins lucrativos, reconhecida como de Utilidade Pública Federal, decidiu destacar a importância do autocuidado e da empatia.

A campanha foi reforçada no vídeo “Pessoas precisam de pessoas”, publicado no canal do CVV no YouTube na última na sexta-feira 28.  Além disso, de abril até junho, a CVV aumentou sua equipe em 10%.

Como perceber comportamentos suicidas?

Por muitos anos, falar sobre suicídio foi um tabu. Mas a abordagem do problema está mudando. “O silêncio é o que mata”, “É importante reconhecer quando a pessoa precisa de ajuda”.

O suicídio surge como uma (falsa) solução asfixiante de viver. Mas antes disso, existe a “ideia suicida”.  E este ponto é o que mais requer atenção. “Cada um tem um jeito de sofrer, pois é difícil prever quem vai tentar suicídio, como ou em que momento, mas existem algumas recorrências: 90% sofriam de problemas mentais; 50% já haviam tentado tirar a vida em algum momento; muitos tinham parentes em primeiro grau que se suicidaram. São pontos relevantes, mas basta estar vivo para ser um fator de risco”.

Como ajudar? “Precisamos escutar, deixar a pessoa falar com calma, sem julgar. Se interessar pelo impacto que está acontecendo com essa pessoa e ter empatia. Isso vai fazer ela gastar os sentimentos. Depois disso, levá-la até um profissional”. 

Idosos são os mais atingidos, os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde, referentes a 2017, indicam que os idosos com mais de 70 anos lideram o ranking de suicídio no País – são quase 9 casos a cada 100 mil habitantes. O abandono ao fim da vida é uma das principais causas.

O geriatra do Hospital das Clínicas, Milton Crenitte, explica que, além do abandono, o fato dessas pessoas viverem em uma sociedade capitalista pode aumentar as chances do suicídio: “Vivemos em uma sociedade que valoriza as pessoas baseada no que ela produz de capital. A partir do momento que vem a aposentadoria, essa pessoa perde o senso de utilidade”.

O geriatra diz que é mais difícil detectar sinais de comportamento suicida em idosos porque a mudança de comportamento é tida pelas pessoas como “natural”. “Se não está querendo comer, se recusa remédios, tem sono e humor alterados, isso pode indicar uma ideia suicida”, alerta o médico.

E na pandemia esse quadro só tende a piorar. Os idosos, por serem grupo de risco para a Covid-19, estão lidando com o constante medo da morte. “Eles estão perdendo a independência, autonomia e a participação social, tudo que a OMS indica como um envelhecimento ativo”, diz Crenitte. “O governo só piorou este cenário. Esse discurso de ‘só vai morrer velho’ causou um impacto muito grande nos idosos, que se sentem vulneráveis”.

Como podemos ajudá-los neste momento? Segundo o geriatra, ouvindo. “Não podemos tratá-los como problemas, e sim como parte da solução, inclusive como eles vão exercer o isolamento social. Não podemos impor ordens. Nunca silenciar e menosprezar o sofrimento de um idoso”, completa.

Além dos idosos, os grupos que são considerados pela sociedade como “minoritários” também acabam se tornando mais vulneráveis às doenças mentais e ao suicídio. LGBTs, negros, mulheres, indígenas, pessoas com deficiências, entre outros, acabam sofrendo estresse crônico – uma reação a preconceito, estigmas e violências.

Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Oia Notícias Publicidade 1200x90
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp