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12/07/2021 às 07h52min - Atualizada em 12/07/2021 às 07h52min

​Cuba vive maiores protestos contra o Governo desde os anos noventa

Milhares de pessoas foram às ruas protestar contra o Governo cubano, impulsionadas pela grave crise sanitária, econômica e de abastecimento que a ilha, agravada pela pandemia de covid-19

As ruas de Havana e várias cidades de Cuba enfrentaram as maiores manifestações contra o Governo desde o maleconazo de 1994, os protestos massivos na capital cubana que marcaram a década de noventa. Mais uma vez, o estopim para a manifestação deste domingo ―em que participaram milhares de pessoas em todo o país e que resultou em centenas de detidos―, foi a grave escassez e miséria sofrida pelos habitantes da ilha, agravadas pelos efeitos da pandemia de covid-19. Gritos de “liberdade” e “abaixo a ditadura” puderam ser ouvidos na Havana Velha, coração da capital do país, e em outras partes de Cuba, amplificados pelas redes sociais, que nos últimos meses têm abalado o cenário político cubano.

Segundo depoimentos de jornalistas locais, vídeos e imagens difundidas nas redes sociais, centenas de cubanos saíram às ruas neste domingo por volta do meio-dia gritando “Liberdade, liberdade” e “Abaixo a ditadura” nos dois municípios, e rapidamente circulou o rumor de que outras cidades do interior do país começavam a aderir ao protesto. Pouco depois do meio-dia, os reclamos chegaram à capital do país. “As tropas especiais percorrem as ruas de Havana a toda velocidade e vão em direção ao Malecón”, informou o jornalista cubano Abraham Jiménez Enoa, colunista do Washington Post, pouco depois do meio-dia.

Os protestos acontecem quando Cuba vive o pior surto da pandemia há algumas semanas, uma terceira onda concentrada principalmente em Havana. Neste sábado a ilha registrou pelo terceiro dia consecutivo o maior número de novos casos e de mortos por covid-19: 6.923 novos casos e 47 mortos. No entanto, de acordo com fontes locais, as manifestações também foram motivadas por uma subnotificação do número de pacientes e de mortes devido a uma crise sanitária que o Governo e os meios de comunicação oficiais não reconhecem em toda a sua magnitude.

À tarde, o presidente Miguel Díaz-Canel, que estava em San Antonio de los Baños, deu uma breve entrevista coletiva na qual, segundo o jornal oficial Granma, disse que “um grupo de pessoas se reuniu em um dos parques mais centrais para reivindicar, inclusive aderiram pessoas revolucionárias que podem ter sido confundidas pela desinformação que há nas redes sociais”.

Durante meses a ilha conseguiu controlar o vírus, mantendo o número de casos diários na casa das dezenas, mas nas últimas semanas se contam aos milhares. Os serviços médicos em lugares como Matanzas entraram em colapso, ao mesmo tempo que medicamentos básicos como antibióticos ou analgésicos escasseiam na ilha. As reivindicações dos cidadãos deste domingo se misturam à pressão para que o Governo permita a abertura das fronteiras para receber ajuda humanitária, um ponto crítico para o regime cubano, que sempre apelou à fortaleza de seu sistema sanitário como um dos pilares de sua imagem no exterior.

Os protestos acontecem dias depois de o Governo ter anunciado que a Abdala, sua vacina contra a covid-19, estava pronta. Embora ainda não tenha sido aprovada pela OMS, o Centro Estatal de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos de Cuba afirma que apresenta uma eficácia superior a 92%.

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