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21/01/2022 às 11h02min - Atualizada em 21/01/2022 às 11h02min

Estudo aponta causas de tremores em Divinópolis

Foram 29 abalos sísmicos em 10 dias na cidade do Centro-Oeste de Minas; Centro de Sismologia da USP analisou barragens, pedreiras e chuvas

Entre os dias 10 e 19 de janeiro, Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, registrou 29 tremores de terra. Os eventos foram computados pelo Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP). As magnitudes variaram entre 1.6 e 3 na escala Richter e são consideradas leves, gerando mais preocupação do que danos para a população.

“No caso desta série atual de sismos em Divinópolis, análise dos sismogramas mostra que todos os eventos estão ocorrendo numa única fratura da crosta superior, com tamanho de poucas centenas de metros. A diferença de alguns km entre os epicentros instrumentais se deve às incertezas de localização”, afirma o relatório.

CHUVAS INTENSAS

Como já adiantado pelo Divinews em entrevista com o sismólgo da USP, Bruno Colaço, o relatório descartou a possibilidade de os tremores terem sido provocados pelas intensas chuvas que castigaram o Centro Oeste do estado registrando inundações e pluviosidade bem acima da média histórica. Essa hipótese, segundo as análises seria difícil de ser comprovada.

“Em princípio, um aumento significativo da pressão da água em fraturas a alguns km de profundidade poderia facilitar o deslizamento de blocos causando tremores. Esse é o mecanismo principal dos sismos induzidos por reservatório hidrelétricos. No entanto, apenas muita chuva e alagamento não são capazes, normalmente, de aumentar a pressão da água a alguns km de profundidade a ponto de desestabilizar alguma falha geológica. Há alguns casos raros, comprovados na literatura, de tremores induzidos por chuva. Chama-se a isso de “hidrossismicidade”. Mas deve-se lembrar que, estatisticamente, os tremores naturais ocorrem com igual probabilidade durante o ano inteiro, tanto nas épocas de chuva como nas épocas de estiagem”, explica.

Para comprovar a teoria seria necessário um acompanhamento de alguns anos para comparar a quantidade de tremores no período de estiagem e no período chuvoso. Além disso seria necessário também um monitoramento sísmico detalhado para acompanhar a evolução dos abalos, suas profundidades e o mecanismo de falhamento.
“Considerando que chuvas intensas têm ocorrido em várias partes do Brasil e não se constatou nenhum aumento da sismicidade em outras regiões, a hipótese de influência das chuvas nos tremores de Divinópolis deve ser considerada muito remota”, diz o documento.

RESERVATÓRIO DE CAJURU

O documento também descarta a possibilidade de o enchimento rápido do reservatório da Usina do Gafanhoto ter sido o causador dos tremores, mas explicou que o reservatório já teve muita atividade sísmica na década de 70 alcançando magnitude de 3,7 na Escala Richter em janeiro de 1972.

“Embora alguns reservatórios hidrelétricos possam induzir tremores de terra, esse fenômeno só ocorre em reservatórios com grande profundidade (mais de 30 ou 50 m; o caso de Cajuru, com apenas 20 m, é uma exceção a nível mundial). Além disso, os epicentros dos tremores induzidos por reservatórios estão dentro do lago ou nas suas margens. A barragem de Gafanhoto está a 2.5 km do epicentro macrosísmico, bem fora da área de influência do reservatório. Portanto, a possibilidade de os tremores terem alguma relação com a barragem é extremamente remota e pode ser descartada. Mais improvável ainda seria alguma relação com o reservatório de Cajuru devido à grande distância dos epicentros”, afirma o documento.

PEDREIRAS

As análises do Centro de Sismologia também apontaram baixa possibilidade de os abalos terem sido provocado pela atividade mineradora. A exploração de pedreira raramente causa tremores de terra. Os poucos registros tanto na literatura quanto no Brasil são de enormes extrações de rochas deixando uma cava com mais de 100km de profundidade. Esse tipo de extração pode provocar um alívio de tensões, induzindo pequenos abalos. Porém, em casos como esse o foco dos sismos são registrados logo abaixo da cava ou nas suas bordas.

“Os tremores de Divinópolis estão longe das pedreiras Dibrita (2.2 km) e MBL (3.4km). Portanto, pode-se também descartar a possibilidade de efeito das pedreiras mencionadas”, declarou.

ANÁLISES

Ainda de acordo com o relatório a estação mais próxima de Divinópolis está a 80km, seguida das estações de Bom Sucesso e Fábrica. As duas a 100km. Devido a grande distância entre o município e as estações, não é possível uma análise precisa do epicentro, alcançando uma margem de 5 a 10km. Também não foi possível analisar com precisão a profundidade focal dos sismos e por esse motivo foi afixada em 0km na tabela de cálculos. Dada a presença de ondas na superfície da terra, estima-se que a profundidade seja de poucos quilômetros.

Abalos com magnitude 3,0 são considerados pequenos, mesmo em termos brasileiros. Tremores de terra podem acontecer em qualquer lugar do Brasil devido a movimentação em falhas ou fraturas geológicas na crosta terrestre. Um tremor dessa magnitude como o registrado na segunda-feira (10) corresponde a movimentação de poucos milímetros em uma fratura de 300 metros de comprimento, podendo estar a alguns quilômetros de profundidade.

“Tudo indica que os tremores de terra em Divinópolis são de origem natural e fazem parte de um “enxame” sísmico similar a outros casos de sismicidade no Brasil. Infelizmente, não existe técnica comprovada que permita prever a evolução da sismicidade. São raros os casos em que os tremores aumentam em frequência e magnitude a ponto de causar danos sérios, mas não se pode descartar totalmente esta possibilidade. No entanto, a chance de danos maiores é remota”, diz o documento

RELATOS

O relatório cita uso de relatos dos moradores através do site do Centro Sismológico. Os relatos foram fundamentais para traçar com facilidade os locais exatos dos epicentros, além de ter ajudado a identificar a magnitude dos tremores. Cada relato recebido foi processado para associar ao tremor correspondente e avaliar o grau de intensidade na escala Mercalli Modificada (MM). A escala é usada para determinar a intensidade de um sismo a partir dos seus efeitos sobre estruturas construídas, naturais e sobre as pessoas.

HISTÓRICO 

Segunda-feira (10/01)
  • 20h13/3,0

Quinta-feira (13/01)
  • 15h25/2,8
  • 15h32/2,9
  • 19h30/1,8

Sexta-feira (14-01)
  • 23h52/2,0
  • 00h04/1,6
  • 18h04/2,2

Sábado (15/01)
  • 23h07/1,9
  • 04h39/1,6
  • 04h45/2,4
  • 06h34/1,8
  • 08h38/2,1
  • 10h23/2,4
  • 10h26/1,9
  • 19h23/1,9

Domingo (16/01)
  • 04h24/1,6
  • 08h43/1,7
  • 15h27/2,1

Terça-feira (18/01)
  • 09h02/2,9
  • 12h36/2,4
  • 16h16/2,6
  • 17h29/2,2
  • 20h11/2,0
  • 21h36/2,4

Quarta-feira (19/01)
  • 01h06/2,0
  • 01h57/1,9
  • 02h34/2,1
  • 10h54/2,5
  • 11h32/2.2

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