De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em agosto, o quilo do café, no varejo, chegou ao preço médio de R$ 39,63, o mais alto já registrado pela série histórica da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), iniciada em 1997.
Para se ter uma ideia, em janeiro de 2021, esse mesmo café custava R$ 15,37, segundo a Abic – o que significa um aumento de 157% em três anos e meio. Nos últimos 12 meses, o café moído subiu 16,6% para o consumidor, bem acima da inflação geral do Brasil no período (+4,2%).
E a expectativa do setor é que o preço continue alto nos próximos meses e início do próximo ano. Segundo a analista de agronegócios do Sistema Faemg Senar, Ana Carolina Gomes, as condições climáticas adversas, como ondas de calor, chuvas esparsas e mal distribuídas, juntamente com altas temperaturas durante as fases de desenvolvimento dos frutos, foram as principais responsáveis pela redução da produtividade prevista para a safra que está sendo finalizada.
Levantamento preliminar realizado pela Faemg em quatro regiões produtoras do Estado: Montanhas de Minas, Sul de Minas, Chapada de Minas e Cerrado Mineiro, registrou problemas no pegamento e abortamentos na florada, aumento de pragas e doenças, grãos miúdos, desfolha, entre outros. “Todos esses fatores afetaram a safra 2024 em Minas Gerais e, atrelados à seca prolongada enfrentada atualmente, poderão trazer consequências para a safra 2025”, explica a analista.
A consequência, segundo Ana Carolina, é que o acréscimo nos preços do café já pode ser sentido nas gôndolas dos supermercados. “Os preços estão em elevação porque há um efeito em cadeia... os custos mais elevados na base são transferidos para a ponta, ou seja, para o consumidor. Essa situação já era esperada porque há uma menor oferta do produto no mercado” comentou.
“Eu também não vejo possibilidade de queda de preço até pelo menos março ou abril de 2025. O que deverá acontecer, na verdade, é um aumento”, disse Celírio Inácio da Silva, diretor executivo da Abic.
O principal culpado é o clima. Ou melhor, o desequilíbrio do clima. A seca prolongada provocou uma quebra de safra nas lavouras, em Minas, que deverão colher 23% menos do que na safra passada. O café é uma cultura agrícola bienal, alternando um ano de produção mais alta (bienalidade positiva) e outro de colheita menor (bienalidade negativa). Mas as oscilações na produção afetaram esse fenômeno.
E, mesmo apesar de 2024 ser um ano de bienalidade positiva, a estimativa mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é de 54,79 milhões de sacas, representa 0,5% menos do que a produção total do ano passado. Como justificativa para essa redução, a companhia cita “adversidades climáticas durante as fases de floração até a expansão dos frutos” e lista fatores como “estiagens, chuvas esparsas e mal distribuídas, juntamente com altas temperaturas durante as fases de desenvolvimento dos frutos”.