Oia Notícias Publicidade 728x90
01/04/2021 às 08h45min - Atualizada em 01/04/2021 às 08h45min

Mais de 80 pessoas tomaram vacina contra Covid clandestinamente em BH

Todas pagaram R$ 600 pela aplicação das doses, que podem ser falsificadas e não proteger contra a doença

Mais de 80 pessoas foram vacinadas clandestinamente contra a Covid-19 dentro da garagem de uma das empresas ligadas à Saritur, na noite do dia 23 de março, em Belo Horizonte, segundo a Polícia Federal. Todas pagaram R$ 600 pela aplicação das duas doses por meio de transferências bancárias via PIX para a conta de Igor Torres de Freitas, filho de Claudia Mônica Pinheiro Torres de Freitas, que se apresentou como enfermeira para os empresários e irmãos Rômulo e Robson Lessa. Os dois admitiram em depoimento à Polícia Federal que adquiriam ilegalmente as vacinas contra a Covid-19.

A mulher, que não possui registro profissional no Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren-MG) e trabalha como cuidadora de idosos, foi presa em flagrante na terça-feira (30) por falsificar, corromper ou adulterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais, depois que os policiais cumpriram mandados de busca e apreensão na casa dela, no bairro Itapoã, na região da Pampulha.  Se condenada, ela pode pegar até 15 anos de prisão.

No imóvel foram apreendidos caixas de isopor, seringas, agulhas, luvas cirúrgicas, cloreto de sódio, caixas vazias de vacina contra a gripe (H1N1) e comprovantes de vacinação, escritos à mão, indicando a aplicação de imunizante da Pfizer, mas sem nenhuma evidência de que seria realmente do laboratório. O material estava escondido dentro de um saco no armário da cozinha. Os celulares de Cláudia, do filho e do motorista da família também foram apreendidos. Uma clínica também foi alvo da ação dos policiais.

Os agentes da PF já tem em mãos a lista com o nome de 57 pessoas suspeitas de terem sido vacinadas. O documento foi apreendido durante a operação Camarote, realizada na última sexta-feira (26), na sede da Coordenadas Transportes, no bairro Caiçara, na região Noroeste da capital, depois que o esquema de vacinação clandestina veio à tona em uma reportagem publicada pela revista Piauí, na última quarta-feira (24). A empresa pertence à parentes dos sócios da Saritur, comandada pela família Lessa Carvalho. 

De acordo com o delegado da Polícia Federal, Rodrigo Morais Fernandes, responsável pelas investigações, as outras pessoas imunizadas irregularmente que não constam na lista serão identificadas a partir das transferências bancárias recebidas por Igor. “A gente estava desde a semana passada tentando identificar a enfermeira. Agora, vamos intimar todos os vacinados para prestarem esclarecimentos”, disse.

Orientada por um advogado, Cláudia de Freitas se manteve em silêncio por mais de quatro horas durante o depoimento prestado na sede da PF, no bairro Gutierrez, na região Oeste da capital. No final da noite de terça-feira (30), a mulher, que já tem passagem na polícia por furto, foi levada para o Complexo Penitenciário Estevão Pinto, no bairro Horto, na região Leste, onde permanece presa. 

O filho dela, Igor de Freitas, e o motorista que a levou em um carro branco – aprendido durante as buscas na residência de Cláudia – até a garagem onde ocorreu a vacinação clandestina, também ficaram calados. “Não formalizamos a oitiva do filho porque ele passou mal durante o interrogatório e foi liberado. Pedimos que o Igor comparecesse hoje para prestar esclarecimentos, mas ele não veio. Agora vai ser intimado”, informou o delegado.

Segundo o delegado Rodrigo Fernandes, a falsa enfermeira foi indicada para os irmãos Rômulo e Robson Lessa por uma terceira pessoa, que também será ouvida pela polícia. Existe a suspeita de que Cláudia também teria comercializado as vacinas ilegais para outras pessoas, além dos investigados na operação Camarote. “As investigações continuam. Não podemos afirmar que as vacinas são falsas, isso vai depender do resultado da perícia feita no material apreendido. O nosso foco agora é descobrir a origem da vacina, se são falsas, importadas irregularmente ou desviadas do Ministério da Saúde”, afirmou Fernandes.

O advogado de defesa dos irmãos Lessa, Felipe Machado Prates, informou que os empresários não vão se manifestar e, segundo o advogado, Rômulo e Robson foram ouvidos como testemunha no inquérito da PF e não como investigados. A reportagem procurou o advogado da falsa enfermeira, Bruno Agostini Ribeiro, mas não conseguiu contato.

Em nota, a assessoria de imprensa do Grupo Saritur informou que houve uma cisão administrativa em 2019 e, desde então, Rômulo e Robson não fazem parte da direção da Saritur. Esclareceu ainda que a “empresa Coordenadas funciona de forma inteiramente independente, e nenhum diretor da Saritur foi mencionado na matéria da Piauí”, além de afirmar que a Saritur não funciona no endereço mencionado na reportagem e sua “diretoria desconhece o assunto”.

Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Oia Notícias Publicidade 1200x90
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp